Formação inicial de professores e Educação Especial: análise da proposta político-pedagógica dos três cursos presenciais de Pedagogia da UERJ

Resumo

Esta dissertação teve como objetivo analisar a formação inicial de professores para atuar com o aluno com deficiência no ensino regular, conforme a proposta político-pedagógica dos três cursos presenciais de Licenciatura em Pedagogia da UERJ (Campi Maracanã, Duque de Caxias e São Gonçalo). Para tanto, adotamos o estudo de casos múltiplos (YIN, 2001), no contexto de uma abordagem qualitativa, sendo realizado por meio da pesquisa documental (FONSECA, 2002). Com relação aos documentos institucionais, analisamos o Plano de Desenvolvimento Institucional da UERJ, os Projetos Políticos Pedagógicos e o fluxograma, bem como o ementário das disciplinas obrigatórias e das disciplinas eletivas relacionadas a conteúdos do campo da Educação Especial de cada curso e adotamos a análise de conteúdo proposta por Bardin (2011). Este estudo está fundamentado nos pressupostos teóricos da perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano (VIGOTSKI, 1997; 2000; 2018; PINO, 2000) e, com base nessa perspectiva, compreendemos que nos formamos professores no processo de constituição humana, na dinâmica interativa das relações sociais que perpassa pela nossa trajetória de vida acadêmica e pessoal, assim como, pela maneira como nos apropriamos das experiências vivenciadas ao longo da formação inicial (FONTANA, 1997; ANJOS, 2006). As análises indicam que os três cursos presenciais de Licenciatura em Pedagogia da UERJ têm contemplado, em sua proposta político-pedagógica, uma formação inicial de professores que considere a diversidade humana e o respeito às diferenças englobando, dentre estas, a atuação junto ao aluno com deficiência. Assim, com relação à estrutura curricular, esses cursos oferecem disciplinas obrigatórias relacionadas ao campo da Educação Especial e outras disciplinas eletivas que abordam conteúdos relacionados a essa área. Entretanto, a temática da Educação Especial aparece de forma fragmentada e, por vezes, desarticulada do conjunto das demais disciplinas. Por último, ao problematizarmos a formação inicial de professores para atuar junto ao aluno com deficiência no ensino regular para fazer frente à Política de Educação Inclusiva, apontamos a necessidade de que ocorra uma reformulação curricular dos cursos de Licenciatura em Pedagogia para que os conhecimentos acerca dos alunos com deficiência sejam contemplados de maneira transversal com as demais disciplinas do curso buscando, assim, superar a perspectiva disciplinar para uma perspectiva da diversidade humana. Igualmente, salientamos a importância de que sejam oportunizados estágios curriculares obrigatórios em salas de aula do ensino regular com alunos com deficiência matriculados ou em contextos educacionais diferenciados.