Em 2017 foram realizadas oficinas de fotografia com alunos cegos e baixa visão do Instituto Benjamin Constant no projeto de extensão “A psicologia na escola favorecendo o aprendizado do aluno” (IP/UFRJ). Essas oficinas foram pensadas a partir de questionamentos sobre a apreensão de imagens de pessoas com deficiência visual. Nesse trabalho, a partir do referencial de Dubois, a fotografia foi assumida para além do produto final, mas compreendida em seu processo de criação, situado em um dado contexto com afetos e reflexão que o fotógrafo coloca em seus registros. Bem como, a ideia de deficiência se distancia de um olhar normativo, no qual um vidente detém o saber sobre o fazer da pessoa com deficiência. O objetivo das oficinas não foi ensinar a fotografar em si, mas sim instrumentalizar os alunos a partir das possibilidades desse fazer visando o protagonismo dos alunos no processo de criação. As oficinas foram realizadas por meio da cartografia, da ideia de ocupação dos espaços da escola, deixando que o mesmo afete o sujeito e permita o conhecimento a quem se propõe o trabalho. No decorrer da intervenção, foi possível observar que as técnicas utilizadas para registrar foram diferentes tanto devido ao interesse pelo tema como pelas distintas formas de acessar o produto de sua ação. Esses desdobramentos mostram que os alunos colocaram a sua individualidade no processo e que a fotografia é possível quando a abordagem sobre ela vai além da preocupação com o produto final.